Ele sempre foi idiota, ou não, para acreditar no tão falado "amor". Sempre confiou e acreditou que esse amor fosse guiar seu caminho. E por isso ele sempre sofreu mais que os outros, porque tem entrado em estrados tortuosas demais. Em caminhos com muitas curvas por montanhas sem fim. Está cansado. Cansado de sofrer, cansado disso tudo.
Levanta lentamente da cama e segue até o espelho. Sua aparência é deplorável. Seus olhos estavam inchados e muito vermelhos, vestígios da profusão de lágrimas que seus olhos derramaram na noite anterior. Tenta sorrir, mas o reflexo não é um dos melhores. Desiste. Volta pro quarto. Lança um olhar rápido a escrivaninha. Não queria mais sofrer. Não queria mais sentir aquela dor dentro do peito. Tomado de uma inspiração e força de vontade incomum, senta na cadeira, apanha uma folha de papel e começa a escrever:
Calma, eu sei que as coisas parecem difíceis, mas respira fundo. O amor sempre prega essas peças, você já deveria estar acostumado à falta de reciprocidade. É, tem razão, jamais vamos nos acostumar a algo que nos faz mal, mas pensa comigo... Que chata seria a vida de gostar só de quem gosta da gente, é até irracional pensar assim. Não chora, enxuga essas lágrimas, segue aquele papo de “não te merece” (não dá certo, mas é um caminho). Sabe, passa a odiar, a gente esquece mais rápido se arruma um motivo para desgostar, quer dizer ... Não odeia, o ódio é o sentimento mais próximo do amor. Então espera, evita pensar, deixe de ouvir essas músicas do tipo algodão doce, fica ouvindo o tic-tac do relógio. Se da noite pro dia o amor aparece no peito, do dia pra noite ele desaparece, não?. Não fique se culpando ou procurando respostas para perguntas que nem deveriam existir. Só lute se for te fazer feliz, seja egoísta mesmo, não se preocupe em não magoar os outros se isso for te machucar. A gente só quer privar os outros de sofrer e acaba sofrendo por eles, não vale apena, acredite em mim. Ah, só mais uma coisa, antes de amar alguém, se ame mais, isso ajuda.
Colocou o lápis de lado. Olhou o que havia escrito. Essa seria sua nova resolução. Não seria fácil, ele sabia. Uma cicatriz que sempre iria incomodá-lo, mas ele aprenderia a ignorar a dor. Aprenderia a erguer a cabeça. Aprenderia sim... A se amar!
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