quinta-feira, dezembro 30, 2010

O encontro

- Azul, xadrez, vermelha... ainda não sei! - Jonas tentava decidir qual camisa deveria usar. - Já sei, vou vestir a vermelha. Aquela reportagem que vi na tv outro dia dizia que por alguma razão a cor vermelha exerce maior influência sobre as mulheres. Ah... se eu soubesse disso antes! - Este era um dia especial, depois de tanto tempo, finalmente teria um encontro a sós com Rosa. Esse encontro foi premeditado por muito tempo, tudo deveria ser perfeito, inclusive a cor da camisa. - Agora o perfume! Gastei um salário inteiro neles, mas vai valer a pena. Vejamos, Hugo Boss, Ferrari Balck... Acho melhor não arriscar, eu sei que ela adora o Animale, será este mesmo!

Arrumou o cabelo e alinhou a roupa. Olhava-se no espelho e gostou do que viu, sentia-se pronto para a noite que viria, cada detalhe seria essencial. Estava pronto, bonito e perfumado, pronto para sair, mas foi detido ao olhar para o relógio. Ainda faltavam duas horas, mas tanto era sua ansiedade que decidiu arrumar-se antecipadamente, para evitar contratempos. Do outro lado da cidade estava Rosa, preparando-se com a mesma avidez para o tal encontro. Sentia-se como em um "dia de noiva", com direito até a massagem relaxante. Ela estava tão deslumbrada quanto Jonas, arrumou-se com muito esmero e cuidado, queria estar linda, linda como nunca antes. Para Rosa, esse encontro significava muito, ambos pareciam querer isso por muito tempo, no entanto as mazelas e contratempos da vida moderna sempre atrasaram esse encontro. Mas hoje era o dia, finalmente estariam juntos, era tudo o que precisavam.

Horas depois, Jonas foi até o local que previamente combinara com Rosa. Apanhou-a em seu velho fusca 77, que neste dia estava limpo, perfumado e alinha assim como o dono, e não fazia feio diante dos outros carros do ano que passavam na rua a todo instante. Os olhos de Jonas brilharam ao pousar o olhar sobre Rosa. "Nossa... nunca a vi tão linda!", Jonas sussurraa para si mesmo. Sim, ela estava linda, ele tinha toda razão para ficar hipnotizado. Ela usava uma maquiagem leve, que realçava sua beleza natural, deixou os cabelos mais naturais, que os faziam encaracolar, sabia que seu admirador adorava assim. Seu vestido com motivos florais transformavam seu rosto na flor mais bela do jardim desenhado sobre seu corpo. E que perfume maravilhoso Rosa exalava, seu nome nunca refletira tão bem seu significado, Rosa era a rosa mais linda e perfumada. Jonas não conseguia esconder seu vislumbre, era impossível, parecia uma estátua.

Rosa sentiu-se grademente atraída por Jonas assim que o viu. Parece que o negócio da roupa vermelha realmente funcionava. Mas era muito mais que isso, nunca vira Jonas tão charmoso, e ainda usava o perfume que ela mais adorava, "Ele usou esse perfume de propósito..." pensou Rosa. Os sapatos refletiam os útitmos raios de sol do dia, estavam muito bem engraxados. Jonas havia preparado muito bem este dia, queria estabelecer um clima de romance entre eles. Ele sabia que Rosa era romântica e que ficaria muito mais "maleável" se conseguisse fazer desse encontro algo bem romântico. Primeiramente, ele a levaria até uma bela praça na cidade, para conversarem um pouco, num lugar tranquilo e tomar sorvete. Isso criaria uma atmosfera deliciosamente romântica, pelo menos era o que ele esperava. Depois, a levaria para assistir um filme no cinema, e de romance claro! Isso a deixaria mais sentimental, para então concluir a noite com um belo jantar em um restaurante cinco estrelas. Mas isso não era tudo, Jonas tinha uma surpresa, depois de toda essa carga romântica, o próximo destino seria sua casa, onde fecharia sua noite com chave de ouro.

Enquanto estavam na praça, conversando alegremente e observando os pequenos animais, Jonas ofereceu-se para busar o sovete. Rosa aguardou calmamente em um dos bancos enquanto Jonas voltava com duas casquinhas, cada qual com bolas generosas de sorvete. Ao chegar diante de Rosa para entregar-lhe o soverte, Jonas atrapalhou-se e deixou uma das casquinhas cair em sua calça, fazendo uma grande sujeira! "Mas que burrada!", pensou ele diante da mais inusitada e mais indesejada situação de toda sua vida, e logo com ela! Rosa olhou com expressão de assustada, pensou que seu maravilhoso encontro terminaria ali, pois achava que Jonas nunca iria se recuperar do constrangimento. Jonas pediu que Rosa aguardasse um momento e dirigiu-se até o banheiro. Limpou-se do jeito que deu, apesar de parecer que tinha urinado em toda a calça, estava bem melhor do que cheia de sorvete de creme. Jonas comprou uma nova casquinha e voltou para Rosa. Ela ainda estava sem graça, já não sentia-se mais a vontade, no entanto, Jonas voltou e continuou a conversar como se nada tivesse acontecido, encarando o evento com muita naturalidade, fazendo-a sentir-se confortável em sua presença novamente. Tal fato fez com que Rosa admirasse ainda mais Jonas, talvez algum outro homem não conseguisse se recompor diante de um contratempo como esses, mas não o Jonas, o mundo poderia cair, ele não deixaria nada estragar esse momento.

Após o agradável fim de tarde, dirigiram-se para o cinema. Pareciam dois adolescentes diante de tantos jovens que estavam ali. Mas não se sentiram deslocados, afinal, estavam muito mais preocupados em estar um ao lado do outro no escurinho do cinema. Tão logo a sessão iniciou, Jonas investiu em um carinho na mão de Rosa, que estava disponível no braço do assento, parecia de propósito. Ora, era claro que Rosa deixara sua mão de propóstio, ela queria tanto quanto ele. Jonas acariciou a mão de Rosa durante toda a sessão, que por sua vez mal prestara atenção no filme, preocupava-se mais em sentir a pele de Jonas sobre a sua. Em alguns momento, ambos se entreolharam e sorriram, não houve disposição para sentir timidez e recolher a mão, estavam muito bem assim.

A sessão terminara e o plano de Jonas estava indo bem, a sessão enalteceu ainda mais a atmosfera de amor e romance que pairava no ar, tanto que ambos saíram de mãos dadas, se misturavam aos outros casais que também saiam do cinema trocando carinhos e beijos. Não muito longe do cinema, Jonas conduziu Rosa ao restaurante. Ao invés de sentarem-se frente a frente, ele fez questão de sentar ao lado dela, poderia assim tocar sua mão mais vezes. Continuaram a agradável conversa, riam, sorriam, trocavam olhares "diferentes" e brilhantes. Tocavam um ao outro a todo instante, como se trocassem carícias, mas fazendo parecer que era sem querer. E o que importa? Ambos adoravam o toque das mãos, o toque no rosto, no braço. Logo estavam com as cadeiras coladas uma na outra, tudo ia maravilhosamente bem. A música embalava ainda mais os sentimentos já exacerbados de ambos e Jonas sentira que estavam no ápice do romantismo daquela noite. Um telefone celular tocou, era o de Jonas, era apenas uma mensagem que dizia: "Aqui está tudo pronto! Pode vir!"

- Tudo bem? - Perguntou Rosa, pensando ser algo importante.

- Tudo bem, isto não é nada. Aliás, esqueci de desligar, nada é mais importante para mim hoje.

Rosa mal se conteve diante da declaração. Jonas desligou o celular e após mais alguns instantes, fez o fatídico convite, para que ambos fossem para sua casa, continuar a curtir a noite. Rosa sorriu, lindamente sorriu, isso com certeza era um sim! Jonas havia planejado muito bem, era impossível que ela resistisse a esse convite, principalmente porque finalmente ele aproximou-se mais e beijou-a. E não fez questão que fosse um beijo curto, mas foi longo, ambos transportados para outro mundo e de lá não queriam sair.

Tão logo o apaixonado beijo terminou, apressaram-se em deixar o restaurante. Jonas com um pouco mais de pressa dirigiu seu fusca 77. A surpresa estava pronta, sua casa estava preparada para receber sua bela flor. Ele conduziu-a como uma dama, a noite fora inesquecível e ainda prometia mais. Enquanto dirigiam-se para a porta de entrada, com um tom malicioso ele disse:

- Tenho uma surpresa para você.
- Hum... estou curiosa!
- Hoje foi uma noite realmente inesquecível e quero te agradecer por isso.
- Não há o que agradecer, foi maravilhoso para mim também. Você fez dessa noite a melhor noite que já tive.
- Obrigado! Fiz tudo pensando em você! Inclusive o que vou te mostrar agora.

Jonas abriu a porta e Rosa vislumbrou uma belissima faixa com os dizeres: "Feliz bodas de ouro. De seus filhos, netos e bisnetos!" Não só isso, mas a casa estava cheia de flores e presentes espalhados em todo canto, e na faixa havia uma foto de cada filho, neto e bisneto. Eram 4 filhos, 10 netos e 12 bisnetos. Sim, estavam comemorando 50 anos de união e finalmente tiveram uma noite só deles, pois não é fácil momentos a sós com uma familia tão grande. E esta noite ainda não terminara, continuaria até a manhã seguinte, e não só isso, iria muio mais longe, até onde os seus dias nessa terra durarem, e porque não ainda, além disso, por toda eternidade? Esse amor inspirou filhos, netos e bisnetos e ainda há de inspirar muitas gerações. 

Essa é a escolha de cada um!

terça-feira, novembro 23, 2010

Buracos de meu coração

Olhando em volta, tudo está escuro e cada vez mais assustador. Posso ouvir o silêncio mais alto que já escutei em toda minha vida. Desde que você se foi estou aqui parado, pois minha mente não conseguiu absorver a idéia de solidão. Porque o mundo tem de ser assim? Porque parece que as coisas ruins somente acontecem com as pessoas boas? Tudo estava perfeito, você e eu, e agora resta apenas eu nessa história. Desejo ver você, o contorno de sua silhueta aparecer por trás das árvores. Estou com medo deste lugar. Mais ainda com mais medo do que minha vida será sem seu sorriso. 

Resolvo levantar e sair deste lugar assombrado. Posso ver olhos sonhadores nas árvores e garras afiadas em seus galhos. Vejo uma casa velha ao longe. Há uma luz ligada, há uma esperança. Levanto e piso na grama molhada. Não vejo nada, guio-me apenas com a fraca luz de esperança que ainda resta. Talvez exista uma solução. Caminho alguns passos até tropeçar em algo e cair. Provavelmente tropecei nas palavras amargar que você disse antes de partir. E estou rolando sobre os buracos que você deixou em meu coração. Sim, você fez a primeira cicatriz. Porque você quebrou um coração perfeitamente bom? Esta marca nunca mais sairá. 

Então me levanto deste sofrimento e continuo a andar. Não falta muito. Apenas mais alguns ferimentos que você deixou. Caio novamente, desta vez encima de flores. São estas as flores da amizade que você me deu há alguns anos? Elas estão mortas. Tento esquecê-las enquanto me levanto novamente. A luz parece aumentar. Estou cada vez mais perto. Em frente à porta corroída da velha casa, dúvidas giram em volta de mim. Ao abri-la posso cair em direção à escuridão e nunca mais conseguir levantar. Mas ao mesmo tempo, a luz está mais forte e ela pode significar algo novo. Um novo alguém caminhando junto a mim sobre os buracos de meu coração.

domingo, novembro 21, 2010

Formatura

Ela nunca foi a mais bonita da turma ou a mais inteligente. Nunca quis ser. Sempre foi considerada normal, tanto por si mesma e quanto pelos outros, mas como a menina mais popular da escola ou a menina com as melhores notas, ela divida o mesmo sonho: a formatura. Imaginava aquelas cosias de contos de fadas, onde se acha o vestido perfeito, o namorado perfeito e uma dança lenta perfeita onde tudo desaparece e você vive seu dia de Cinderella. 

Meio de novembro e todo mundo estava ansioso para a formatura. As becas já tinham sido compradas, as fotos do anuários tiradas e o salão quase todo decorado. A seleção de músicas era o que os jovens costumavam ouvir e mesclavam com alguns hits dos anos 80/90, escolha dos professores. A cor do vestido das meninas seria verde-limão. Ela torceu o nariz no início, achava que verde-limão deixava todo mundo parecendo um bando de picles luminosos ambulantes e para ser sincera, ela sabia que seu corpo não era modelo de manequim como o corpo da maioria das meninas de sua escola. Só que ela não ligava. A formatura a deixaria linda. E ela tinha alguém para agradar. Sempre fora apaixonada pelo seu namorado, só que o problema é que demorou três anos para conseguir dizer ‘oi’ para ele sem gaguejar ou tropeçar e cair com as pernas para o alto. Ela bem sabe o quanto sofreu para tentar se aproximar dele. Foi mais difícil a parte do dizer ‘oi’ do que conquistá-lo. Ela tinha a plena certeza de que ficariam juntos para sempre. Porquê acreditava que a formatura era uma espécie de benção: fazia os relacionamentos durarem. Será? 

O problema inicial foi o vestido. Até achou alguns que ficavam bonitos com suas curvas arredondadas, só que nenhum a agradava. Era verde demais, era tomara-que-caia, tinha muito babado, não tinha babado nenhum, parecia um bujão de gás com roupa de natal ou um elefantinho colorido, ficava sem graça, não combinava com o sapato, a deixava parecendo uma vadia, a deixava parecendo uma freira… Em todos achava um defeito. Por que é tão difícil ser mulher? Para os homens era tão mais fácil, visto que Danilo já tinha arranjado seu terno logo na primeira semana depois da divulgação que a cor da gravata deveria ser a mesma cor do vestido.

O segundo problema foi o cabelo. Alisava ou enrolava mais? Cortava franja ou chanel? Pintava ou fazia luzes? Prendia ou deixava solto? Nada estava bom, nada parecia o penteado perfeito. Eis a solução: corta joãozinho, bem curtinho, assim não precisaria fazer nada. Quem sugeriu foi a tia toda trabalhada em sue vestido azul-celeste com um colar feito de sementes. A tia extravagante que sugeriu. Então não devia cortar. Se a tia frufruzinha diz para fazer alguma coisa porque fica bonito… Bem, não faça. Fim. 

O terceiro problema era o sapato. Não combinava com o vestido, era alto demais, era baixo demais, ficava feio em seu pé super fino, já tinham comprado um daqueles, apertava demais, apertava de menos… A solução seria ir com a sandália de mamãe, usada na formatura dela. Seria uma boa ideia se não fosse cafona, em sua opinião. Ela se recusava a usar qualquer coisa de antes de 2001. Frescura? Com certeza. 

A solução foi mandar a avó fazer o vestido. Ela então desenhou como o imaginava, o vestido perfeito em seu mundo onde os contos de fadas aconteciam. A solução para o cabelo foi alisar e deixar solto, pronto, linda, como Aurora. A solução para o sapato foi ir com a sandália de mamãe mesmo, nunca acharia uma melhor há tempo. 

Então chegou o tão esperado dia. Só que ela se esqueceu de experimentar o vestido antes de se aprontar para a formatura. Danilo já estava lá embaixo, todo elegante com seu terno chique de doer e a gravata verde-limão que não diminui o brilho de seus dentes recém-clareados. Muito pelo contrário. O sorriso dele estava de cegar qualquer um, literalmente. E Danilo estava se achando lindo. Mas quem liga? 

Então, o vestido não entrava. E o decote não tinha ficado do jeito que ela esperava, e a cor do tecido era meio morta, sem brilho. Devia ter pego a gravata de Danilo, já que esta brilhava. O salto da sandália de mamãe se partiu ao meio, uma vez que era tão velho e frágil. Nunca use um sapato de salto que só viu a luz do sol uma vez na vida. E o cabelo? Estava chovendo muito lá fora, de modo que acabou a luz. E agora para passar a chapinha? Ela chorava, estava muito decepcionada com tudo aquilo. Decidiu que não iria mais. 

Danilo ficou puto da vida, afinal, ele tinha gasto sua mesada com a limousine pra quê? E com o terno idiota?! Ele tinha até tomado banho pra agradá-la! Danilo odiava esse tipo de coisa, mas aceitou só porque a menina que ele gostava queria um pouco de romantismo e da magia da formatura maravilhosa. Só que na vida real não acontecem contos de fadas, e finais felizes somente para quem é muito sortudo. Danilo decidiu – após gritar com ela – ir embora. Iria jogar seu PS2, muito mais produtivo. Reclamou que o terno pinicava. 

Ela se sentiu ofendida e acusou-o de não ligar para os seus sentimentos. Disse que aquele era seu sonho e estava tudo arruinado. E jogou a culpa no namorado. Danilou mandou ela pastar e foi assim o final do namoro que parecia perfeito. Há tempos ele queria dar uma bota nela, que ainda achava que era uma princesa. Danilo era bem mais real que isso. Ele sempre fazia tudo por essa garota e em troca recebia um ‘onde está seu cavalo, príncipe?’. 

Chorando no quarto, toda concentrada em seu drama e berrando coisas como ‘eu sonho com isso desde que me entendo por gente, seu desgraçado insensível!’, não notou quando seu irmão mais velho sentou-se de seu lado. Felipe era um idiota, nunca ligava pra nada, fazia o que queria, quando e como queria. Ele era o bobo da corte rebelde em seu mundo de fantasia. Felipe tinha ingressos na mão e estendeu um para ela. Ingressos para o show do Skank, sério? Com certeza a cara que ela fez não foi muito boa. Só que Felipe a convenceu com um discurso que achou épico. Talvez ele pudesse ser seu cavalheiro e cavaleiro numa noite só. Certo que ela nunca gostou de rock, mas realmente seu irmão estava certo, ficar chorando trancada em casa não resolve nada. Então ela foi.

E ela se divertiu. Conheceu os amigos de Felipe, todos na faculdade com ele, mal sabendo que estes seriam também seus amigos quando ingressasse na mesma faculdade que o irmão no ano seguinte. Conheceu um rapaz que ela mal sabia que seria seu marido dali há alguns anos, e ele não tinha nada haver com a história nem da faculdade, nem da formatura. Ele era totalmente anti-herói. Só que ela achou o tal do Roberto tão diferente que quis conhecê-lo e sair com ele nos outros dias mesmo assim. E ela descobriu que adorava rock nacional. Descobriu também que Felipe não era um rebelde sem causa, era totalmente o contrário disso.

Seu grande achado foi que ela percebeu que não queria um conto de fadas. Ela queria sua liberdade. 

Texto Oritinal:AQUI

Era uma vez...

Era uma vez uma menina,

magrinha, tadinha... As pernas compridas quase não davam conta de subir nas árvores pra chupar manga ou pular o muro da escola pra bater nos meninos, mas o coração era cheio de sonhos e a cabeça cheia de idéias. Um dia ela decidiu nunca crescer, ser Peter Pan, brincar pra sempre na Terra do Nunca, afinal, o céu era o limite, até mesmo nos campeonatos de pipa com os meninos da rua, seria pra sempre menina moleca, nunca mulher e o coração cheio de sonhos seria sempre seu guia, ajudando-a a navegar pelos mares bravios de sua imaginação. Foi quando ela conheceu seu melhor amigo: um livrinho pequeno, daqueles que dá pra guardar no bolso, ninguém nem lembraria dele uns anos mais tarde. O que ninguém sabia, porém, e era o segredo mais precioso daquela menina, era que aquele não era um livro comum, era mágico, um passaporte carimbado pra lugar nenhum, uma chave com o poder de abrir todas as portas.

Depois dele, vieram outros, e mais outros, e mais outros, até que a menina descobriu que não precisava ser só uma menina. Com seus amigos de capa dura ou não ela era arqueóloga, detetive, astronauta, viajante do tempo, e melhor ainda, voltava a Terra em tempo pra andar de bicicleta com aquele vizinho magricelo que também passara a tarde sonhando através das páginas amareladas de seus próprios amigos. Ela foi a Roma, Paris, Nova York, Londres; viajou no Expresso Oriente, visitou Sherlock Holmes, descobriu os mistérios de Dick Tracy e ainda teve tempo de se encolher num cantinho com papel e caneta e inventar suas próprias histórias e apesar de conhecer o mundo todo, nunca saiu do quintal mágico de sua casa que poderia ser uma selva cheia de dinossauros pela manhã e a superfície da Lua no fim da tarde.

Entretanto um dia porém, a menina cresceu, e querendo ou não virou mulher, apesar de ainda ser a moleca que se esconde em um canto com caneta e papel...

...Os livros, porém... Ah, os livros. Esses não cresceram nunca, e serão pra sempre companheiros do coração cheio de sonhos e da mente cheia de idéias.

Texto Original: AQUI

domingo, novembro 14, 2010

Divagações de uma Mente (não tão) Perigosa

Alguma vez, em algum momento da sua vidinha pacata (ou escrota, ou tediante, ou depressiva ou não tão ruim ou, bom, enfim, da sua vida), você já deixou sua mente te guiar? Eu não falo sobre tomar decisões, escolher o que fazer da vida, se você vai ou não bater a porta com força depois daquela discussão problemático com seu pai sobre algo que você sabe que ele tem razão, mas não quer admitir, porque, oi, você é orgulhoso, egocêntrico, adolescente e, claro, um ser humano perto do ordinário. Eu sei lá. Uma vez, já tem alguns anos, enquanto eu atravessava a rua junto com a minha irmã, ela me chamou de psicopata. Não vou definir o que é, porque qualquer um sabe, mesmo uma pequena parte do conceito de psicopatia. O fato é: ela me chamou disso. Tá, né, o que eu poderia fazer? 

Analisando os fatos, é, talvez eu tenha problemas, ou certa tendência a sair matando gente que nunca vi mais problemática na minha vida. Quer dizer, ter dificuldades de expressar sentimentos não é bem psicopatia. Ou é? Vontade à divagação, que é o tema (ou... tanto faz)... Sim, eu não sou fã de pessoas, não vou com a cara de crianças, adolescentes com a minha idade me fazem sentir vergonha de ser um adolescente e tudo isso é uma junção super resumida das minhas divagações. Sou problemático? HELL YEAH! Mas, quem não é? Quer dizer, você já parou para analisar sua personalidade, seus atos e como você age com as pessoas? Você é tão normal quanto eu, ou seja, você NÃO É normal. Não se preocupe, contando, eu digo. Normalidade é chato, que nem cinza. Eita cor mórbida! Pior que preto. Enfim, olha eu divagando em um texto sobre divagação. Há, digno, não acha? 

Não sei porquê estou escrevendo isso. Ou talvez saiba, em alguma parte dentro da minha mente perigosa (aham, senta lá), e não queira admitir. Vamos lá, então, retornando: alguma vez, em algum momento de ócio já passou pela sua mente se você é realmente o que julgam que você é? Alguém chega em você e diz “você é chato”. Será você realmente chato ou a pessoa que não te conhece? E o que te faz chato para essa pessoa? É o fato de você ignorá-la? Ambos já pensaram por que isso acontece? Nem sempre o problema é você. Ou a outra pessoa. Quer dizer, seria eu realmente um psicopata, que enquanto escreve esse texto, planeja o primeiro crime? OK, isso realmente soa doentio, eu admito, mas a culpa é dos seriados policiais que assisto em demasia.

Enquanto nós mostramos ao mundo quem somos, deixamos parte de nós em nossa mente. Oi, como assim? Como assim sendo! Opa, não, brincadeira. Às vezes, somente pensamos em fazer algo, em dizer algo e esse algo pode muito bem ser alguma coisa que quebraria esse pré conceito que alguém tem de nós. Ou seja: eu posso estar com a melhor cara de paisagem ou parecer esnobe no ônibus para alguém, enquanto tento não me desequilibrar e pagar mico, mas não quer dizer que eu seja assim. Quer saber uma coisa? Eu não sou. Eu simplesmente estou ignorando o assento reservado do qual estou próximo, para não sentar, porque eu prefiro fingir que aquele assento não existe, do que sentar e fingir que quem necessita dele é que não existe. Muito psicopata, né? 

Nisso, eu divago, me perguntando se as pessoas são o que parecem ser. Sentado no assento comum do ônibus, voltando da escola e vendo uma figura estranha de um cara rico, no ônibus, cheio de pompa e fico pensando sobre que raios ele está fazendo em um ônibus. Achei engraçado, claro, mas não cheguei à lugar algum. O que fica é: alguém concorda comigo ou eu estou enlouquecendo? Bom, me conhecendo como conheço, estou enlouquecendo (mais ainda)... Ou não, né? Vai saber.

Texto Original: AQUI

quinta-feira, novembro 11, 2010

A mais bela obra

Eterna figura humana
que hoje queremos homenagear
contemplando com carinho os cabelos brancos
o profundo olhar, as marcações do tempo,
sinais da experiência e memória de tanto anos vividos.

Que bom poder formar uma roda
para ouvir com atenção
os sábios conselhos
as palavras fartas
indicações de novos horizontes em nossas vidas

Queremos tocar e sentir
a energia que suas mãos abençoadas transmitem

E hoje embora trêmulas,
ainda semeiam os frutos da experiência da vida.

Permita-nos neste momento especial
acompanhar com ternura seus passos,
alguns trôpegos,
mas cheios de sabedoria que a vida lhe ensinou.

Queremos abraçá-lo e também aplaudi-lo
com muita emoção e ternura
pedindo a Deus que o abençoe e lhe conserve a saúde.

A esperança nos leva a crer que
outros dias lindos acontecerão
pois você, vô, é o fruto da mais bela obra
que Deus colocou em nossas vidas.

Obrigado. Obrigado por ser exatamente como é e compartilhar sua vida conosco!

terça-feira, novembro 09, 2010

Antes que seja tarde demais...

Eles estavam fazendo de novo. Os gritos que vinham do andar inferior chegavam aos ouvidos do garoto, cada vez mais e mais perturbadores. Sentado na cama, ele tapava os ouvidos, tentando conter os soluços que escapavam por entre seus lados, tentando ignorar aqueles sons que tanto o atormentavam. Cada briga se tornava mais brutal; cada vez que ele as ouvia, o buraco negro em seu peito parecia aumentar mais e mais. 

Não sabia qual era o motivo da briga, desta vez - a cada novo grito, a razão da fúria parecia mudar. Traição, ciúme, briga, inveja, maldita hora que tiveram aquela criança! Naquela casa, o amor se tornava um conceito vago, quase inexistente; naquele quarto, no segundo andar, uma criança se tornava a principal vítima disso. As lágrimas se tornavam difíceis de serem controladas. Tentava não fazer barulho - sofrer em silêncio tinha se tornado não necessário, obrigatório. Não precisava dar-lhes mais motivos para discutirem. Não queria ser um transtorno ainda maior.

Desligou o celular, jogando-o na gaveta. Ignorara as últimas mensagens dos amigos, perguntando por que ele não tinha aparecido ali. Não podia lhes explicar... não podia lhes dizer quais as conseqüências de aparecer sequer perto daquela cozinha em um momento como aqueles. Não podia lhes dizer... Engoliu as pílulas, quase o vidro todo, que deixara no banheiro, sua última opção. Sentiu as luzes piscarem acima de sua cabeça, o estômago se revirar em fúria. Era melhor se deitar... precisava se deitar. Engoliu em seco, deitando a cabeça no travesseiro. O teto parecia tão próximo... e tudo parecia tão escuro. Tão escuro.

Seus pais o encontraram na manhã seguinte. A mãe não podia acreditar; os joelhos do pai mal conseguiam lhe deixar em pé. Eles choraram, juntos, diante do corpo da criança. A mão dela se enroscou a dele e sua cabeça encostou-se no peito dele, como não faziam há muito tempo. Unidos na dor, em silêncio, eles choraram.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Amigos e Amizades

Amigo não tem medo de parecer ridículo andando naquele carro horrível do seu lado e até mesmo brinca bem depois da idade.

"Corre... corre... se esconde lá. Aqui não!... (rs)"

Amigos se conhecem demais, e basta aquela olhadinha – é, aquela mesma – pra saberem tudo o que se passa na mente um do outro. Amigo que é amigo se comunica por código.

"Hiya, stranger. Hiya back."

Amigo não tem vergonha de deixar de tomar banho pra jogar vídeo-game, ou de andar descalço pela casa, ou até de ficar sem camisa pelo quintal. Amigos se sentem em casa nas casas de outros amigos.

"Tem mais toddynho aí?"

Amigos não têm medo de brigar, pois sabem que no fim do dia ainda serão amigos, já que a amizade é mais resistente que qualquer discussãozinha.

"Na pior das hipóteses, vão pra sorveteria discutir a relação."

Mãe de amigo é tia.

"Às vezes mãe de amigo também é mãe."

Amigo de verdade sabe mudar os gostos de outros amigos.

"É Chocolate... come vai! Você vai gostar, aposto. Tem campo hoje! Vamos lá. Vamos, vamos vamos... 07:00! OBA! \o/"

Aliás, amigos convivem tanto que passam a misturar suas personalidades.

"Ridículo isso! Magnífico! Vixe, que horrível. Oxi. Sapeca!"

E depois nem sabem que característica era de quem.

Amigos sabem quando falar e quando calar; sabem quando você precisa de apoio e quando precisa de bronca; sabem até mesmo quando você não precisa de nada além de um abraço.

"Ou meia dúzia de conselhos que nem eles mesmos seguem."

Amigo que se preza come a mortadela do sanduíche do outro amigo!

"Ou a salada."

Amigo às vezes nem queria ser só amigo, mas desiste do algo mais só porque a amizade vale a pena.

"Sofrer não importa se o amigo está feliz."

Amigo vira bicho e luta contra o mundo pra defender seus amigos, e mesmo fraco e esgotado, encontra forças em um cantinho misterioso chamado coração, até que todas as injustiças sejam reparadas.

"Às vezes o mundo vence, mas não importa, porque amigos lutariam outra vez."

Amigos não precisam fazer algo juntos pra se sentirem bem.

"Na maior parte do tempo, se comunicam melhor ainda no silêncio."

Amigo de verdade briga com o próprio amigo pra proteger a amizade, e mesmo que alguém se chateie, o resultado vai valer a pena.

"Quem sabe quando alguém precisa ser protegido de si mesmo?"

Enfim, amigo é aquela lata de leite condensado escondida no armário; é o chocolate que você tinha esquecido que tinha; é a noite de sábado comendo pastel; é a chuva de verão acompanhada de um gigantesco arco-íris; é a madrugada passada em claro; é o presente mais especial no aniversário; é o livro que você sempre quis ler e de repente ganhou.

Amigos, na verdade, nem sequer são amigos.

"São aqueles irmãos que você sempre quis ter."

segunda-feira, maio 17, 2010

Conquiste como se fosse a primeira vez!

É fácil conquistar novas amizades
onde o desconhecido passa a ser uma façanha,
uma surpresa nova a cada encontro e a cada despedida...
Difícil é conquistar a mesma amizade,
a mesma pessoa todos os dias e ser uma surpresa
nova a cada encontro, quebrando a rotina de cada
despedida, deixando aquele clima de não
ver a hora do reencontro...

O desejar, o gostar, o apaixonar e o amar,
são plantinhas simples, nascem em qualquer
coração e ao mesmo tempo elas são delicadas,
dóceis e frágeis, e morrem com a mesma
rapidez que nascem, por isso cuide do vaso
em que plantou o amor para que este possa se fortalecer
e se transformar em um sentimento inabalável...

Sim! Sim! Sim! Devemos conquistar e reconquistar uma pessoa querida. Ela deve morar em nossos corações e fazer uma grande experiência o momento em que ela passou por nossas vidas. Devemos conquistar as pessoas como se fosse a primeira vez, todos os dias! Que a pequena semente do amor possa ser regada cuidadosamente e possamos encarar uma frondosa e grande árvore. Por isso encaro todos como meus amigos, como alguém em que vale a pena sofrer por eles. Sempre luto a fim de conquistar e conquistar e conquistar a mesma amizade varias e varias as vezes. Todos os dias. Como se fosse a primeira vez!

Há pessoas de todos os tipos

Há pessoas caladas que precisam de alguém para conversar.
Há pessoas tristes que precisam de alguém que as conforte.
Há pessoas sozinhas que precisam de alguém pra brincar.
Há pessoas com medo que precisam de alguém para lhes dar a mão.
Há pessoas fortes que precisam de alguém que as faça pensar na melhor maneira de usarem a sua força.
Há pessoas habilidosas que precisam de alguém para ajudar a descobrir a melhor maneira de usarem a sua habilidade.
Há pessoas que julgam que não sabem fazer nada e precisam de alguém que as ajude a descobrir o quanto sabem fazer.
Há pessoas apressadas que precisam de alguém para lhes mostrar tudo o que não têm tempo para ver.
Há pessoas impulsivas qu precisam de alguém que as ajude a não magoar os outros.
Há pessoas que se sentem por fora e precisam de alguém que lhes mostre o caminho de entrada.
Há pessoas que dizem que não servem para nada e precisam de alguém que as ajude a descobrir como todas essas pessoas precisam de alguém.
Talve eu precise de você.

Todos nós precisamos de alguém. Não importa o que seja, para que seja, sempre precisamos e sempre precisaremos. Fico feliz com as pessoas que tenho ao meu lado. Sempre caminhando junto a mim, sempre me dando apoio no que for necessário. A tais pessoas, desejo que todos os seus sonhos sensatos ocorram. Porque tais pessoas merecem. E acredito que vão conseguir, porque aquilo que plantamos regamos, não importa a hora que demore para colher. Sempre colhemos o que plantamos. E se elas plantam carinho, amor, ternura, não podem colher coisas ruins não concorda?

quinta-feira, abril 15, 2010

Conversando com a vida

Vida
O que se pode dizer sobre ti?
Que és complicada?
Ou nós que a fazemos assim?
Que faz da sua bagunça a nossa?
Ou nós que te bagunçamos?

As vezes você,
Sim você
Nos apronta cada uma
Colocando nos em primeiro lugar na sua lista
E noutro dia
Faz nos cair nos mais profundos dos abismos

As vezes nos pega
e nos vira de ponta a cabeça
Parecendo que passou um furacão
Trazendo tantas desavenças
Tantas brigas
Tantos choros
Tantos inimigos
Tantos desânimos
Fazendo a gente ficar com tudo isso

Não sabendo onde encostar
Como sair
Nos obrigando a querer desaparecer, explodir
Sumir do mapa mesmo
E quando menos esperamos
Lá vem você de novo
Com um pouco de alívio a dor de cabeça
Nos trás um amigo, um companheiro
Alguém que nos oferece sua solidariedade
Que realmente quer nos ajudar
Algúem que nos pega pela mão para não cairmos
E nos ajuda a andar no meio da confusão
Alguém que mesmo com seus problemas por sua causa
Nos ajuda, nos dá apoio
E assim com muito esforço
Muita determinação
Conseguimos nos livrar da situação dificil
E aí, mais uma vez
Aprendemos uma nova lição
Um lição que não será esquecida
Mas você não desiste
Parece que está procurando uma pequena abertura
Para nos ensinar mais lições
Nem tudo tem apenas
Seu ponto negativo
Tem também o positivo
Temos de concordar
Você nos trás vários momentos
Alegres, felizes, risos, gargalhadas
Seja sozinho, seja acompanhado
Seja com um conhecido, seja com um amigo

Aquele lembra, que nos ajudou
Quando você nos pegou de jeito
Afinal, não é das pequenas ações que se fazem grandes amigos?
E com esses
Nós choramos, nós rimos
Nós pulamos, nós descansamos
Nós vivemos

Não posso equecer daqueles
Que por vivermos, não vivem mais
Você as deixou pra trás
Com a nossa maior inimiga
Aqueles que nos rancaram tantos risos, que nos ensinaram tantas coisas
Aqueles que você deixou pra trás
Mas que nós guardamos bem aqui, junto, no imenso coração
Aqueles que hoje
Nos faz tanta falta
E quão grande falta fazem
E que se estivessem aqui
Ah! Se estivessem aqui
Nos ajudaria tanto
Diria qual caminho segui
Nos direcionaria
Nos ensinaria
Que riria conosco
Talvez minha vida seria diferente
Talvez eu seria diferente
Mas você é assim mesmo, não é vida?
Teimosa, sempre querendo nos ensinar algo

Uns vão
Outros ficam
E ainda outros virão
E nesses que virão
Não que preencham o vazio deixado peloos que foram
Mas que encham ainda mais
O espaço do nosso coração
E assim se tivermos de
Rir, de chorar
Façamos juntos
Porque afinal
Tudo se resumo a um único ponto
Na vida vivemos aprendendo

Tudo é questão de escolher

USAR! Sim, essa palavra é tão pequena mas seu significado vai além, ultrapassa os horizontes. Não importa o quão desafiador ou díficil possa parecer a nossa vida. Problemas? Sim, eles virão, isso é inevitável, entretanto o que vai mudar são as nossas ações diante a eles. Seja quais problemas forem, grandes ou pequenos, simples ou complexos. Não importa! Nós escolhemos quem somos, nós decidimos que caminho seguir e este caminho pode alterar toda nossa vida e de outros também. Esta frase de Cury fala sobre transformar as coisas aparentemente ruins em coisas boas, sim, aprender com elas, nos tornar alguém melhor. Se isso fizermos, não importa se somos ricos ou pobres, sempre vamos ser feliz! Sempre devemos tentar olhar com bons olhos, sempre tentar procurar algo positivo onde parece ser impossível encontrar algo positivo. E acredite ou não, sempre vamos encontrar.

Minha vida não é aquela vida que poderia dizer livre de todo mal e problemas. As vezes ao deitar sobre a cama imagino uma reunião em um grande salão. Lá estão reunidos todos os problemas junto ao seu rei, Satanás e pode-se ouvir um grande falatório, um grande murmurrio! O assunto? Como entrar em nossas vidas! Sim, imagino os problemas confabulando entre si, maquinando um modo de conseguir penetrar, de conseguir se infiltrar, nem que se seja por um breve momento, em nossas vidas. E olha! As vezes alguns conseguem e se sentem vitoriosos. As vezes outros não conseguem mas mesmo assim não desistem. Continuam tentando. Se até os problemas e mesmo Satánas tem um ponto positivo, são persistentes. Porque outras situações não teria?

Sabe aquele problema que conseguiu penetrar em minha vida e se sentiu vitorioso? Bom, eu como diz Cury "usei a dor para lapidar o prazer". Peguei ele de um tal forma e consegui depois de muito olhar, consegui encontrar um lado positivo. Assim procurei maneiras e modos e no fim acabei transformando aquele problema em uma solução, em algo que me motivou no futuro. É isso que devemos fazer. Sempre. Isso me faz lembrar um história bem simples mas profunda. Ela conta sobre dois homens. Veja só:

JOÃO 

" João era um importante empresário. Morava em um apartamento de cobertura, na zona nobre da cidade. Naquele dia, João deu um longo beijo em sua amada e fez em silêncio a sua oração matinal de agradecimento a Deus por sua vida, seu trabalho e suas realizações. Após tomar café com a esposa e os filhos, João levou-os ao colégio e se dirigiu a uma de suas empresas. Chegando lá, cumprimentou com um sorriso os funcionários, inclusive Dona Teresa, a faxineira. Tinha ele inúmeros contratos para assinar, decisões para tomar, reuniões com vários departamentos da empresa, contatos com fornecedores e clientes, mas a primeira coisa que disse para sua secretária foi: 

- Calma, faça uma coisa de cada vez, sem pressa.

Ao chegar a hora do almoço, ele foi para casa curtir a família. À tarde, tomou conhecimento que o faturamento do mês superou os objetivos e mandou anunciar que todos os funcionários teriam gratificações salariais no mês seguinte. Apesar da sua calma, ou talvez, por causa dela, conseguiu resolver tudo que estava agendado para aquele dia. Como já era sexta-feira, João foi ao supermercado, voltou para casa, saiu com a família para jantar e depois foi dar uma palestra para estudantes, sobre motivação para vencer na vida. 

MANOEL

Enquanto isso, no bairro mais pobre de outra capital, vive Manoel, ou Mané, como era mais conhecido. Como fazia em todas as sextas-feiras, Mané foi para o bar jogar sinuca e beber com amigos. Já chegou lá nervoso, pois estava desempregado. Um amigo seu tinha lhe oferecido uma vaga em sua oficina como auxiliar de mecânico, mas ele recusou, alegando não gostar do tipo de trabalho. Mané não tinha filhos e estava também sem uma companheira, pois sua terceira mulher partiu dias antes dizendo que estava cansada de ser espancada e de viver com um inútil. Ele estava morando de favor, num quarto imundo no porão de uma casa. Naquele dia, Mané bebeu mais algumas, jogou, bebeu, jogou e bebeu até o dono do bar pedir para ele ir embora. Ele pediu para pendurar a sua conta, mas seu crédito havia acabado, então armou uma tremenda confusão e o dono do bar o colocou pra fora. Sentado na calçada, Mané chorava pensando no que havia se tornado sua vida, quando seu único amigo, o mecânico, apareceu e, após levá-lo para casa e curando um pouco o porre, perguntou a Mané: 

- Diga-me, por favor, o que fez com que você chegasse até o fundo do poço desta maneira? - Mané então desabafou: 

- A minha família... Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma 'vida miserável'. Quando minha mãe morreu doente, por falta de condições, eu saí de casa, revoltado com a vida e com o mundo. Tinha um irmão gêmeo, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma. 

ENQUANTO ISSO, na outra capital, João terminava sua palestra para estudantes. Já estava se despedindo quando um aluno ergueu o braço e lhe fez a seguinte pergunta: 

- Diga-me, por favor, o que fez com que o senhor chegasse até onde está hoje, um grande empresário e um grande ser humano? - João emocionado, respondeu:

- A minha família. Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum, tínhamos uma vida miserável. Quando minha mãe morreu, por falta de condições, eu saí de casa, decidido que não seria aquela vida que queria para mim e minha futura família. Tinha um irmão gêmeo, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma. "

Simples né? Essa história nos ensina que o que aconteceu conosco até agora, não é o que vai definir o nosso futuro, e sim a maneira como vamos reagir a tudo que aconteceu. Nossa vida pode ser diferente, não devemos nos lamentar pelo passado, CONSTRUAMOS NÓS MESMOS O NOSSO FUTURO. Encaremos tudo como uma lição de vida, aprendamos com nossos erros e até mesmo com o erro dos outros. O que realmente importa é o que você vai fazer com o que acontecer. Deixaremos o que aconteceu nos abalar e assim nos tornamos alguém pior? Ou aprenderemos com os nossos erros e com os dos outros e faremos disso tudo algo bom para nosso crescimento? Desistiremos na primeira dificuldade por está dificil demais?

sábado, fevereiro 13, 2010

Uma lição do Porco-Espinho

O porco-espinho é um animal muito muito interessante. Eu estava estudando sobre ele um outro dia e descobri coisas que dependendo do ponto de vista em que se olha, aprende-se muito, sabe? A primeira olhada assim, como quem não quer nada este animal pode ser um pouco sem graça e porque não, ameaçador? Afinal seu corpo é coberto de espinhos afiadissímos. É o tipo de animal em que pensaríamos duas vezes antes de nos metermos com ele, isso sim.

Mas enfim... o fato é que eles não conseguem viver separados e na noite fria para sobreviverem esses animais optam por uma escolha bem peculiar para se aquecerem. Depois de "chegarem" a conclusão de que tocas e gravetos não vão o ajudar a se aquecer. Eles se reúnem em um grupo e juntos se aquecem, o calor do corpo de um aquece o outro. Eles conseguem se ajustar de uma tal forma em que o espinho de um se encaixe no meio do espinho dos outros, como um grande quebra-cabeça, assim ninguém sai ferido e todos conseguem se aquecer. O fato é seus espinhos são afiadissímos e de vez em quando um se meche e acaba que por ferindo outros, por isso eles se afastam um pouco, mas depois de sentirem novamente o frio voltam a se unir e aprendem a suportar as espetadas ora sim ora não dos seus "colegas" e acabam por esquecer as feridas causadas anteriormente.

Esse alto espirito de cooperação que eles possuem me ensinou algo realmente importante e valioso. Todos nós, seres humanos, somos como um grande grupo de porcos-espinhos. Não conseguimos viver separados nessa noite fria que é a sociedade. As vezes sentimos frio e necessitamos de um amigo, de um companheiro, de alguém para dizer na cara que estávamos errados, que estavámos certos, que fomos bobos, burros, de alguém pra chorar, pra sorrir... E nessas noites nos sentimos bem, completamente aquecidos e confortáveis, no calor humano do amor, amizade, companherismo, seja o que for. Mas aí alguem de vez em quando se meche e nossos pecados, nossos erros, nossas palavras mal pensadas, nossas palavras que deixaram de ser ditas, nossos espinhos começam a espetar outros e/ou nos espetarem e a ferir e por isso, brigamos, ficamos de mal, dias, semanas, meses sem nos falar por algo tão... natural. Sim, porque ter espinhos, errar, faz parte da nossa existência, é aquilo que somos, é o que nos define. E depois de algum tempo, quando voltamos a sentir o cansaço, o desanimo, a crueldade, a pressão do sistema, quando voltamos a sentir o frio, lembramos daquele outro amigo, daquele outro porco-espinho e voltamos a nos unir novamente. 

Mas nem tudo são rosas, existem e sempre vão existir aqueles espinhos que nos define, aqueles espinhos que mostram quem exatamente somos. Sim, eles vão surgir, uma ora ou outra, aparecerão, afinal faz parte da gente. Mas agora surge uma grande e importante questão... faremos nós como os porcos-espinhos e nos esqueceremos das feridas de outrora? Suportaremos uns aos outros? Será que vou lembrar de que assim como me feriram, me espetaram, eu também feri e espetei? Ou será que vou preferir morrer sozinho esfriando e esfriando na noite até completamente ficar congelado?