terça-feira, novembro 23, 2010

Buracos de meu coração

Olhando em volta, tudo está escuro e cada vez mais assustador. Posso ouvir o silêncio mais alto que já escutei em toda minha vida. Desde que você se foi estou aqui parado, pois minha mente não conseguiu absorver a idéia de solidão. Porque o mundo tem de ser assim? Porque parece que as coisas ruins somente acontecem com as pessoas boas? Tudo estava perfeito, você e eu, e agora resta apenas eu nessa história. Desejo ver você, o contorno de sua silhueta aparecer por trás das árvores. Estou com medo deste lugar. Mais ainda com mais medo do que minha vida será sem seu sorriso. 

Resolvo levantar e sair deste lugar assombrado. Posso ver olhos sonhadores nas árvores e garras afiadas em seus galhos. Vejo uma casa velha ao longe. Há uma luz ligada, há uma esperança. Levanto e piso na grama molhada. Não vejo nada, guio-me apenas com a fraca luz de esperança que ainda resta. Talvez exista uma solução. Caminho alguns passos até tropeçar em algo e cair. Provavelmente tropecei nas palavras amargar que você disse antes de partir. E estou rolando sobre os buracos que você deixou em meu coração. Sim, você fez a primeira cicatriz. Porque você quebrou um coração perfeitamente bom? Esta marca nunca mais sairá. 

Então me levanto deste sofrimento e continuo a andar. Não falta muito. Apenas mais alguns ferimentos que você deixou. Caio novamente, desta vez encima de flores. São estas as flores da amizade que você me deu há alguns anos? Elas estão mortas. Tento esquecê-las enquanto me levanto novamente. A luz parece aumentar. Estou cada vez mais perto. Em frente à porta corroída da velha casa, dúvidas giram em volta de mim. Ao abri-la posso cair em direção à escuridão e nunca mais conseguir levantar. Mas ao mesmo tempo, a luz está mais forte e ela pode significar algo novo. Um novo alguém caminhando junto a mim sobre os buracos de meu coração.

domingo, novembro 21, 2010

Formatura

Ela nunca foi a mais bonita da turma ou a mais inteligente. Nunca quis ser. Sempre foi considerada normal, tanto por si mesma e quanto pelos outros, mas como a menina mais popular da escola ou a menina com as melhores notas, ela divida o mesmo sonho: a formatura. Imaginava aquelas cosias de contos de fadas, onde se acha o vestido perfeito, o namorado perfeito e uma dança lenta perfeita onde tudo desaparece e você vive seu dia de Cinderella. 

Meio de novembro e todo mundo estava ansioso para a formatura. As becas já tinham sido compradas, as fotos do anuários tiradas e o salão quase todo decorado. A seleção de músicas era o que os jovens costumavam ouvir e mesclavam com alguns hits dos anos 80/90, escolha dos professores. A cor do vestido das meninas seria verde-limão. Ela torceu o nariz no início, achava que verde-limão deixava todo mundo parecendo um bando de picles luminosos ambulantes e para ser sincera, ela sabia que seu corpo não era modelo de manequim como o corpo da maioria das meninas de sua escola. Só que ela não ligava. A formatura a deixaria linda. E ela tinha alguém para agradar. Sempre fora apaixonada pelo seu namorado, só que o problema é que demorou três anos para conseguir dizer ‘oi’ para ele sem gaguejar ou tropeçar e cair com as pernas para o alto. Ela bem sabe o quanto sofreu para tentar se aproximar dele. Foi mais difícil a parte do dizer ‘oi’ do que conquistá-lo. Ela tinha a plena certeza de que ficariam juntos para sempre. Porquê acreditava que a formatura era uma espécie de benção: fazia os relacionamentos durarem. Será? 

O problema inicial foi o vestido. Até achou alguns que ficavam bonitos com suas curvas arredondadas, só que nenhum a agradava. Era verde demais, era tomara-que-caia, tinha muito babado, não tinha babado nenhum, parecia um bujão de gás com roupa de natal ou um elefantinho colorido, ficava sem graça, não combinava com o sapato, a deixava parecendo uma vadia, a deixava parecendo uma freira… Em todos achava um defeito. Por que é tão difícil ser mulher? Para os homens era tão mais fácil, visto que Danilo já tinha arranjado seu terno logo na primeira semana depois da divulgação que a cor da gravata deveria ser a mesma cor do vestido.

O segundo problema foi o cabelo. Alisava ou enrolava mais? Cortava franja ou chanel? Pintava ou fazia luzes? Prendia ou deixava solto? Nada estava bom, nada parecia o penteado perfeito. Eis a solução: corta joãozinho, bem curtinho, assim não precisaria fazer nada. Quem sugeriu foi a tia toda trabalhada em sue vestido azul-celeste com um colar feito de sementes. A tia extravagante que sugeriu. Então não devia cortar. Se a tia frufruzinha diz para fazer alguma coisa porque fica bonito… Bem, não faça. Fim. 

O terceiro problema era o sapato. Não combinava com o vestido, era alto demais, era baixo demais, ficava feio em seu pé super fino, já tinham comprado um daqueles, apertava demais, apertava de menos… A solução seria ir com a sandália de mamãe, usada na formatura dela. Seria uma boa ideia se não fosse cafona, em sua opinião. Ela se recusava a usar qualquer coisa de antes de 2001. Frescura? Com certeza. 

A solução foi mandar a avó fazer o vestido. Ela então desenhou como o imaginava, o vestido perfeito em seu mundo onde os contos de fadas aconteciam. A solução para o cabelo foi alisar e deixar solto, pronto, linda, como Aurora. A solução para o sapato foi ir com a sandália de mamãe mesmo, nunca acharia uma melhor há tempo. 

Então chegou o tão esperado dia. Só que ela se esqueceu de experimentar o vestido antes de se aprontar para a formatura. Danilo já estava lá embaixo, todo elegante com seu terno chique de doer e a gravata verde-limão que não diminui o brilho de seus dentes recém-clareados. Muito pelo contrário. O sorriso dele estava de cegar qualquer um, literalmente. E Danilo estava se achando lindo. Mas quem liga? 

Então, o vestido não entrava. E o decote não tinha ficado do jeito que ela esperava, e a cor do tecido era meio morta, sem brilho. Devia ter pego a gravata de Danilo, já que esta brilhava. O salto da sandália de mamãe se partiu ao meio, uma vez que era tão velho e frágil. Nunca use um sapato de salto que só viu a luz do sol uma vez na vida. E o cabelo? Estava chovendo muito lá fora, de modo que acabou a luz. E agora para passar a chapinha? Ela chorava, estava muito decepcionada com tudo aquilo. Decidiu que não iria mais. 

Danilo ficou puto da vida, afinal, ele tinha gasto sua mesada com a limousine pra quê? E com o terno idiota?! Ele tinha até tomado banho pra agradá-la! Danilo odiava esse tipo de coisa, mas aceitou só porque a menina que ele gostava queria um pouco de romantismo e da magia da formatura maravilhosa. Só que na vida real não acontecem contos de fadas, e finais felizes somente para quem é muito sortudo. Danilo decidiu – após gritar com ela – ir embora. Iria jogar seu PS2, muito mais produtivo. Reclamou que o terno pinicava. 

Ela se sentiu ofendida e acusou-o de não ligar para os seus sentimentos. Disse que aquele era seu sonho e estava tudo arruinado. E jogou a culpa no namorado. Danilou mandou ela pastar e foi assim o final do namoro que parecia perfeito. Há tempos ele queria dar uma bota nela, que ainda achava que era uma princesa. Danilo era bem mais real que isso. Ele sempre fazia tudo por essa garota e em troca recebia um ‘onde está seu cavalo, príncipe?’. 

Chorando no quarto, toda concentrada em seu drama e berrando coisas como ‘eu sonho com isso desde que me entendo por gente, seu desgraçado insensível!’, não notou quando seu irmão mais velho sentou-se de seu lado. Felipe era um idiota, nunca ligava pra nada, fazia o que queria, quando e como queria. Ele era o bobo da corte rebelde em seu mundo de fantasia. Felipe tinha ingressos na mão e estendeu um para ela. Ingressos para o show do Skank, sério? Com certeza a cara que ela fez não foi muito boa. Só que Felipe a convenceu com um discurso que achou épico. Talvez ele pudesse ser seu cavalheiro e cavaleiro numa noite só. Certo que ela nunca gostou de rock, mas realmente seu irmão estava certo, ficar chorando trancada em casa não resolve nada. Então ela foi.

E ela se divertiu. Conheceu os amigos de Felipe, todos na faculdade com ele, mal sabendo que estes seriam também seus amigos quando ingressasse na mesma faculdade que o irmão no ano seguinte. Conheceu um rapaz que ela mal sabia que seria seu marido dali há alguns anos, e ele não tinha nada haver com a história nem da faculdade, nem da formatura. Ele era totalmente anti-herói. Só que ela achou o tal do Roberto tão diferente que quis conhecê-lo e sair com ele nos outros dias mesmo assim. E ela descobriu que adorava rock nacional. Descobriu também que Felipe não era um rebelde sem causa, era totalmente o contrário disso.

Seu grande achado foi que ela percebeu que não queria um conto de fadas. Ela queria sua liberdade. 

Texto Oritinal:AQUI

Era uma vez...

Era uma vez uma menina,

magrinha, tadinha... As pernas compridas quase não davam conta de subir nas árvores pra chupar manga ou pular o muro da escola pra bater nos meninos, mas o coração era cheio de sonhos e a cabeça cheia de idéias. Um dia ela decidiu nunca crescer, ser Peter Pan, brincar pra sempre na Terra do Nunca, afinal, o céu era o limite, até mesmo nos campeonatos de pipa com os meninos da rua, seria pra sempre menina moleca, nunca mulher e o coração cheio de sonhos seria sempre seu guia, ajudando-a a navegar pelos mares bravios de sua imaginação. Foi quando ela conheceu seu melhor amigo: um livrinho pequeno, daqueles que dá pra guardar no bolso, ninguém nem lembraria dele uns anos mais tarde. O que ninguém sabia, porém, e era o segredo mais precioso daquela menina, era que aquele não era um livro comum, era mágico, um passaporte carimbado pra lugar nenhum, uma chave com o poder de abrir todas as portas.

Depois dele, vieram outros, e mais outros, e mais outros, até que a menina descobriu que não precisava ser só uma menina. Com seus amigos de capa dura ou não ela era arqueóloga, detetive, astronauta, viajante do tempo, e melhor ainda, voltava a Terra em tempo pra andar de bicicleta com aquele vizinho magricelo que também passara a tarde sonhando através das páginas amareladas de seus próprios amigos. Ela foi a Roma, Paris, Nova York, Londres; viajou no Expresso Oriente, visitou Sherlock Holmes, descobriu os mistérios de Dick Tracy e ainda teve tempo de se encolher num cantinho com papel e caneta e inventar suas próprias histórias e apesar de conhecer o mundo todo, nunca saiu do quintal mágico de sua casa que poderia ser uma selva cheia de dinossauros pela manhã e a superfície da Lua no fim da tarde.

Entretanto um dia porém, a menina cresceu, e querendo ou não virou mulher, apesar de ainda ser a moleca que se esconde em um canto com caneta e papel...

...Os livros, porém... Ah, os livros. Esses não cresceram nunca, e serão pra sempre companheiros do coração cheio de sonhos e da mente cheia de idéias.

Texto Original: AQUI

domingo, novembro 14, 2010

Divagações de uma Mente (não tão) Perigosa

Alguma vez, em algum momento da sua vidinha pacata (ou escrota, ou tediante, ou depressiva ou não tão ruim ou, bom, enfim, da sua vida), você já deixou sua mente te guiar? Eu não falo sobre tomar decisões, escolher o que fazer da vida, se você vai ou não bater a porta com força depois daquela discussão problemático com seu pai sobre algo que você sabe que ele tem razão, mas não quer admitir, porque, oi, você é orgulhoso, egocêntrico, adolescente e, claro, um ser humano perto do ordinário. Eu sei lá. Uma vez, já tem alguns anos, enquanto eu atravessava a rua junto com a minha irmã, ela me chamou de psicopata. Não vou definir o que é, porque qualquer um sabe, mesmo uma pequena parte do conceito de psicopatia. O fato é: ela me chamou disso. Tá, né, o que eu poderia fazer? 

Analisando os fatos, é, talvez eu tenha problemas, ou certa tendência a sair matando gente que nunca vi mais problemática na minha vida. Quer dizer, ter dificuldades de expressar sentimentos não é bem psicopatia. Ou é? Vontade à divagação, que é o tema (ou... tanto faz)... Sim, eu não sou fã de pessoas, não vou com a cara de crianças, adolescentes com a minha idade me fazem sentir vergonha de ser um adolescente e tudo isso é uma junção super resumida das minhas divagações. Sou problemático? HELL YEAH! Mas, quem não é? Quer dizer, você já parou para analisar sua personalidade, seus atos e como você age com as pessoas? Você é tão normal quanto eu, ou seja, você NÃO É normal. Não se preocupe, contando, eu digo. Normalidade é chato, que nem cinza. Eita cor mórbida! Pior que preto. Enfim, olha eu divagando em um texto sobre divagação. Há, digno, não acha? 

Não sei porquê estou escrevendo isso. Ou talvez saiba, em alguma parte dentro da minha mente perigosa (aham, senta lá), e não queira admitir. Vamos lá, então, retornando: alguma vez, em algum momento de ócio já passou pela sua mente se você é realmente o que julgam que você é? Alguém chega em você e diz “você é chato”. Será você realmente chato ou a pessoa que não te conhece? E o que te faz chato para essa pessoa? É o fato de você ignorá-la? Ambos já pensaram por que isso acontece? Nem sempre o problema é você. Ou a outra pessoa. Quer dizer, seria eu realmente um psicopata, que enquanto escreve esse texto, planeja o primeiro crime? OK, isso realmente soa doentio, eu admito, mas a culpa é dos seriados policiais que assisto em demasia.

Enquanto nós mostramos ao mundo quem somos, deixamos parte de nós em nossa mente. Oi, como assim? Como assim sendo! Opa, não, brincadeira. Às vezes, somente pensamos em fazer algo, em dizer algo e esse algo pode muito bem ser alguma coisa que quebraria esse pré conceito que alguém tem de nós. Ou seja: eu posso estar com a melhor cara de paisagem ou parecer esnobe no ônibus para alguém, enquanto tento não me desequilibrar e pagar mico, mas não quer dizer que eu seja assim. Quer saber uma coisa? Eu não sou. Eu simplesmente estou ignorando o assento reservado do qual estou próximo, para não sentar, porque eu prefiro fingir que aquele assento não existe, do que sentar e fingir que quem necessita dele é que não existe. Muito psicopata, né? 

Nisso, eu divago, me perguntando se as pessoas são o que parecem ser. Sentado no assento comum do ônibus, voltando da escola e vendo uma figura estranha de um cara rico, no ônibus, cheio de pompa e fico pensando sobre que raios ele está fazendo em um ônibus. Achei engraçado, claro, mas não cheguei à lugar algum. O que fica é: alguém concorda comigo ou eu estou enlouquecendo? Bom, me conhecendo como conheço, estou enlouquecendo (mais ainda)... Ou não, né? Vai saber.

Texto Original: AQUI

quinta-feira, novembro 11, 2010

A mais bela obra

Eterna figura humana
que hoje queremos homenagear
contemplando com carinho os cabelos brancos
o profundo olhar, as marcações do tempo,
sinais da experiência e memória de tanto anos vividos.

Que bom poder formar uma roda
para ouvir com atenção
os sábios conselhos
as palavras fartas
indicações de novos horizontes em nossas vidas

Queremos tocar e sentir
a energia que suas mãos abençoadas transmitem

E hoje embora trêmulas,
ainda semeiam os frutos da experiência da vida.

Permita-nos neste momento especial
acompanhar com ternura seus passos,
alguns trôpegos,
mas cheios de sabedoria que a vida lhe ensinou.

Queremos abraçá-lo e também aplaudi-lo
com muita emoção e ternura
pedindo a Deus que o abençoe e lhe conserve a saúde.

A esperança nos leva a crer que
outros dias lindos acontecerão
pois você, vô, é o fruto da mais bela obra
que Deus colocou em nossas vidas.

Obrigado. Obrigado por ser exatamente como é e compartilhar sua vida conosco!

terça-feira, novembro 09, 2010

Antes que seja tarde demais...

Eles estavam fazendo de novo. Os gritos que vinham do andar inferior chegavam aos ouvidos do garoto, cada vez mais e mais perturbadores. Sentado na cama, ele tapava os ouvidos, tentando conter os soluços que escapavam por entre seus lados, tentando ignorar aqueles sons que tanto o atormentavam. Cada briga se tornava mais brutal; cada vez que ele as ouvia, o buraco negro em seu peito parecia aumentar mais e mais. 

Não sabia qual era o motivo da briga, desta vez - a cada novo grito, a razão da fúria parecia mudar. Traição, ciúme, briga, inveja, maldita hora que tiveram aquela criança! Naquela casa, o amor se tornava um conceito vago, quase inexistente; naquele quarto, no segundo andar, uma criança se tornava a principal vítima disso. As lágrimas se tornavam difíceis de serem controladas. Tentava não fazer barulho - sofrer em silêncio tinha se tornado não necessário, obrigatório. Não precisava dar-lhes mais motivos para discutirem. Não queria ser um transtorno ainda maior.

Desligou o celular, jogando-o na gaveta. Ignorara as últimas mensagens dos amigos, perguntando por que ele não tinha aparecido ali. Não podia lhes explicar... não podia lhes dizer quais as conseqüências de aparecer sequer perto daquela cozinha em um momento como aqueles. Não podia lhes dizer... Engoliu as pílulas, quase o vidro todo, que deixara no banheiro, sua última opção. Sentiu as luzes piscarem acima de sua cabeça, o estômago se revirar em fúria. Era melhor se deitar... precisava se deitar. Engoliu em seco, deitando a cabeça no travesseiro. O teto parecia tão próximo... e tudo parecia tão escuro. Tão escuro.

Seus pais o encontraram na manhã seguinte. A mãe não podia acreditar; os joelhos do pai mal conseguiam lhe deixar em pé. Eles choraram, juntos, diante do corpo da criança. A mão dela se enroscou a dele e sua cabeça encostou-se no peito dele, como não faziam há muito tempo. Unidos na dor, em silêncio, eles choraram.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Amigos e Amizades

Amigo não tem medo de parecer ridículo andando naquele carro horrível do seu lado e até mesmo brinca bem depois da idade.

"Corre... corre... se esconde lá. Aqui não!... (rs)"

Amigos se conhecem demais, e basta aquela olhadinha – é, aquela mesma – pra saberem tudo o que se passa na mente um do outro. Amigo que é amigo se comunica por código.

"Hiya, stranger. Hiya back."

Amigo não tem vergonha de deixar de tomar banho pra jogar vídeo-game, ou de andar descalço pela casa, ou até de ficar sem camisa pelo quintal. Amigos se sentem em casa nas casas de outros amigos.

"Tem mais toddynho aí?"

Amigos não têm medo de brigar, pois sabem que no fim do dia ainda serão amigos, já que a amizade é mais resistente que qualquer discussãozinha.

"Na pior das hipóteses, vão pra sorveteria discutir a relação."

Mãe de amigo é tia.

"Às vezes mãe de amigo também é mãe."

Amigo de verdade sabe mudar os gostos de outros amigos.

"É Chocolate... come vai! Você vai gostar, aposto. Tem campo hoje! Vamos lá. Vamos, vamos vamos... 07:00! OBA! \o/"

Aliás, amigos convivem tanto que passam a misturar suas personalidades.

"Ridículo isso! Magnífico! Vixe, que horrível. Oxi. Sapeca!"

E depois nem sabem que característica era de quem.

Amigos sabem quando falar e quando calar; sabem quando você precisa de apoio e quando precisa de bronca; sabem até mesmo quando você não precisa de nada além de um abraço.

"Ou meia dúzia de conselhos que nem eles mesmos seguem."

Amigo que se preza come a mortadela do sanduíche do outro amigo!

"Ou a salada."

Amigo às vezes nem queria ser só amigo, mas desiste do algo mais só porque a amizade vale a pena.

"Sofrer não importa se o amigo está feliz."

Amigo vira bicho e luta contra o mundo pra defender seus amigos, e mesmo fraco e esgotado, encontra forças em um cantinho misterioso chamado coração, até que todas as injustiças sejam reparadas.

"Às vezes o mundo vence, mas não importa, porque amigos lutariam outra vez."

Amigos não precisam fazer algo juntos pra se sentirem bem.

"Na maior parte do tempo, se comunicam melhor ainda no silêncio."

Amigo de verdade briga com o próprio amigo pra proteger a amizade, e mesmo que alguém se chateie, o resultado vai valer a pena.

"Quem sabe quando alguém precisa ser protegido de si mesmo?"

Enfim, amigo é aquela lata de leite condensado escondida no armário; é o chocolate que você tinha esquecido que tinha; é a noite de sábado comendo pastel; é a chuva de verão acompanhada de um gigantesco arco-íris; é a madrugada passada em claro; é o presente mais especial no aniversário; é o livro que você sempre quis ler e de repente ganhou.

Amigos, na verdade, nem sequer são amigos.

"São aqueles irmãos que você sempre quis ter."