sábado, fevereiro 13, 2010

Uma lição do Porco-Espinho

O porco-espinho é um animal muito muito interessante. Eu estava estudando sobre ele um outro dia e descobri coisas que dependendo do ponto de vista em que se olha, aprende-se muito, sabe? A primeira olhada assim, como quem não quer nada este animal pode ser um pouco sem graça e porque não, ameaçador? Afinal seu corpo é coberto de espinhos afiadissímos. É o tipo de animal em que pensaríamos duas vezes antes de nos metermos com ele, isso sim.

Mas enfim... o fato é que eles não conseguem viver separados e na noite fria para sobreviverem esses animais optam por uma escolha bem peculiar para se aquecerem. Depois de "chegarem" a conclusão de que tocas e gravetos não vão o ajudar a se aquecer. Eles se reúnem em um grupo e juntos se aquecem, o calor do corpo de um aquece o outro. Eles conseguem se ajustar de uma tal forma em que o espinho de um se encaixe no meio do espinho dos outros, como um grande quebra-cabeça, assim ninguém sai ferido e todos conseguem se aquecer. O fato é seus espinhos são afiadissímos e de vez em quando um se meche e acaba que por ferindo outros, por isso eles se afastam um pouco, mas depois de sentirem novamente o frio voltam a se unir e aprendem a suportar as espetadas ora sim ora não dos seus "colegas" e acabam por esquecer as feridas causadas anteriormente.

Esse alto espirito de cooperação que eles possuem me ensinou algo realmente importante e valioso. Todos nós, seres humanos, somos como um grande grupo de porcos-espinhos. Não conseguimos viver separados nessa noite fria que é a sociedade. As vezes sentimos frio e necessitamos de um amigo, de um companheiro, de alguém para dizer na cara que estávamos errados, que estavámos certos, que fomos bobos, burros, de alguém pra chorar, pra sorrir... E nessas noites nos sentimos bem, completamente aquecidos e confortáveis, no calor humano do amor, amizade, companherismo, seja o que for. Mas aí alguem de vez em quando se meche e nossos pecados, nossos erros, nossas palavras mal pensadas, nossas palavras que deixaram de ser ditas, nossos espinhos começam a espetar outros e/ou nos espetarem e a ferir e por isso, brigamos, ficamos de mal, dias, semanas, meses sem nos falar por algo tão... natural. Sim, porque ter espinhos, errar, faz parte da nossa existência, é aquilo que somos, é o que nos define. E depois de algum tempo, quando voltamos a sentir o cansaço, o desanimo, a crueldade, a pressão do sistema, quando voltamos a sentir o frio, lembramos daquele outro amigo, daquele outro porco-espinho e voltamos a nos unir novamente. 

Mas nem tudo são rosas, existem e sempre vão existir aqueles espinhos que nos define, aqueles espinhos que mostram quem exatamente somos. Sim, eles vão surgir, uma ora ou outra, aparecerão, afinal faz parte da gente. Mas agora surge uma grande e importante questão... faremos nós como os porcos-espinhos e nos esqueceremos das feridas de outrora? Suportaremos uns aos outros? Será que vou lembrar de que assim como me feriram, me espetaram, eu também feri e espetei? Ou será que vou preferir morrer sozinho esfriando e esfriando na noite até completamente ficar congelado?