quinta-feira, dezembro 27, 2012

Inseguranças da Estrada


É muita coisa na cabeça. Para pensar, para entender, para decidir. Tirar algumas conclusões de si mesmo parece incomodar. Sério, incomoda muito. Encarar os próprios monstros que você mesmo criou causa medo, muito mais medo do que os que já existem lá fora. Os meus, moram aqui dentro. Na alma, no peito, na mente, em tudo onde há espaço. Eles invadem, tomam conta e sentem-se em casa. Cada um tem o seu peso, cada um tem o seu nome, e não é próprio, é abstrato.

Às vezes finjo para mim mesmo ser ingênuo e imaturo. Às vezes até funciona, outras não. Mas quer saber? É tudo ilusão. Ninguém consegue fugir da própria realidade por muito tempo. Uma hora ou outra ela desaba e faz um estrago bem feio. A vida é feita de escolhas. E isso todo mundo sabe. Mas são nelas que me perco e me sinto assim, realmente perdido de mim. Sem chão, sem base, sem saber para onde ir. Tem luta pior do que aquela que existe entre você e você mesmo?

Sabe, a gente tem uma mania feia de colocar a culpa dos nossos problemas na vida. Tudo bem, ela não é mesmo fácil e não dá mole. Mas pensa junto comigo, maior parte da culpa está na nossa teimosia. Seria mais simples se a gente só optasse pelo simples. Mas só corremos para o mais complicado, mais confuso, para o mais sei-lá. É ou não é?

Posso dizer que sou feliz. Tenho nas mãos tudo que preciso para continuar e seguir. Tenho também os meus ideais, os meus objetivos, e muitos sonhos a realizar. Deles não abro mão de jeito nenhum. Mas em alguns momentos invade uma sensação bem estranha, e bem chata também. Sinto como se a vida estivesse passando por mim de forma despercebida. Sinto-a me cobrando, destapando os meus olhos, me inquietando a sair dessa zona de conforto, desse comodismo que se reflete em minhas escolhas. Sinto, sinto, sinto e não obedeço. Bato o pé e insisto em dizer não ao racional. Mas confesso, esse quadro, mesmo que lentamente, está mudando. Isso me alivia.

As prioridades deixam de ser prioridades para poder dar espaço a outras mais importantes. O coração bate diferente, a cabeça pensa diferente, tudo vai se transformando. Algumas coisas não se explicam. Outras, só o tempo para dizer. Mesmo eu não me conhecendo tão bem como eu gostaria, mesmo eu não sabendo de nada, seguirei mesmo assim. E levo comigo a esperança de um dia ter a certeza que preciso: que peguei a estrada certa.

Eu sei. Nada será tão perfeito quanto o meu coração de menino espera. Mas há de ter um lugar bonito esperando por mim. Eu preciso acreditar!

quinta-feira, outubro 18, 2012

Degelo

É sempre bom parar para pensar um pouco. Então parei. Pensei. Olhei em volta do meu mundo, prestei atenção no que me cerca e no que importa. Fazer uma balança de como está sua vida emocional é inevitável. É nessa viagem para dentro de mim onde eu vejo o que pesa e o que conta. Dia desses, pensei comigo: vou trancar meu coração a sete chaves e não o entrego nunca mais. A ninguém. Pensei de novo e me toquei que o problema do amor não está nele e sim nas pessoas, nas escolhas, nos erros e nas atitudes. Mesmo que eu caia, que eu fraqueje, embora que doa e lateje, nunca quero olhar para ele o culpando por algum estado ou situação. Ele é puro, é o sentimento mais nobre que conheço. Por causa dele a gente chora, sorrir, sonha, quebra a cara, suspira e se apaixona feito bobo. Por causa dele a gente vive. É a sensação mais prazerosa que a vida nos proporciona: amar e ser amado, de um jeito feliz.

Mas chega uma hora que é preciso encontrar equilíbrio em si mesmo. O que estou plantando? Sem perceber, o que estou atraindo e afastando de mim? Em algum momento cada um vai se dá conta do que é importante e valioso para si. Gosto de pensar que quando quero ver as coisas mudarem, devo começar por mim, de dentro para fora. Tenho sim os meus receios, as minhas dúvidas e incertezas. Vou até onde posso e luto até onde minha força me permite. Não sou das desistências e nem tenho vergonha do que sinto. Mas se desisto, é porque fui corajoso o suficiente para entender que a felicidade não era por esse lado. Independente de qualquer coisa, quero sempre olhar para a vida com olhos de criança, com aquela pureza de quem sonha com a ousadia de ser feliz e completo, por inteiro. 

Não sei se os meus passos me levarão à estrada que eu devo seguir. Não sei se estou indo depressa ou no ritmo certo. Não sei se estou indo em frente, para trás ou andando em círculos. Mas sei onde quero chegar. E isso já vale muito. Pode ser que um dia, o coração cercado de razões, me conte então os seus segredos. E enfim, ele me diga: vai, que por aí você estará seguro. 

As janelas estão abertas. O tempo, os gestos e os motivos, tratarão de abrir as portas também. Porque a beleza do amor não está nas queixas, nas insatisfações e nem no quanto você se machucou. Está na força do querer, na coragem para mudar, na transformação. E principalmente, na vontade de continuar. 

Quem sabe numa manhã dessas de verão, a claridade da estação amanheça em mim e aqueça as partes geladas e adormecidas. É que os sentimentos mais bonitos, assim como o Sol, sabem exatamente como invadir e renascer. Porque quando se tem amor o bastante, tudo o que o coração deseja, é acreditar mais uma vez.

segunda-feira, abril 30, 2012

Se jogue, acredite, arrisque.


Viver nos impulsiona a arriscar. Como pular de um precipício sem saber se lá em baixo vai ter alguém de braços abertos para te segurar (salvar?!). Viver é aprender a confiar. É se jogar lá do alto sem ter medo do tombo. Tudo bem me desculpe. Vou ser mais realista com você. Às vezes dá um medo desgraçado. E como dá. Lembro de sentir um medo enorme. De ir, de ficar, de resistir, de não suportar. Medo de esquecer, de lembrar. Medo das descobertas, das coisas encobertas. Do novo, do velho, do que se foi e do que virá. Lembro das inúmeras sensações que me vendaram os olhos, que me amordaçaram a boca e que me taparam os ouvidos. Lembro do quanto o meu coração gritou: E agora?!?

Dia desses me disseram que sou dramático, que faço tempestade num copo d’água, que eu precisava relaxar um pouco e abstrair mais. Mas não tem jeito. Se há algo me incomodando, nunca, nunca consigo ficar no estado relax. Acontece que eu vivo para sentir. Sou o menino das emoções radicais, que tudo sonha e idealiza. Mas também sou o tipo de homem com os pés no chão, que tudo calcula e ainda tira a prova dos nove. Sinto demais, penso demais, exagero demais. Meus sentimentos são à flor da pele e os meus cinco sentidos são bem aguçados. Intenso. Sou assim e ponto.

E um dia, ainda quando nada ia bem, lembro também de não mais sentir medo. Lembro de superar o que parecia insuperável. Uma mistura de força, de alívio, calmaria. Mudança de foco. De lugar. De sentido. Um imenso amor-próprio me sacudia por dentro, por fora, por toda parte. Por todos os lados. Um prazer e um conforto de estar em minha própria companhia. E tudo ficou mais interessante. E novamente me apaixonei. Por mim. Me descobri, me re-des-co-bri. Me vi inteiro. Me encontrei. E isso não se descreve, de tão maravilhoso que é. Respirei coragem, pisei fundo, retomei o fôlego. E fui. Encarei o lado escuro, o que não se sabe, o que não se entende, a dor. Experimentei a liberdade e ela me experimentou. Aprendi. Aprendi que nada pode ser maior e mais forte do que a esperança. Nada pode passar por cima e falar mais alto do que o meu valor. Nada.

No final das contas, só Deus e o tempo para saber aonde enfim chegaremos. A jornada é grande, os desafios, incontáveis. Eu sei. O que importa é não desistir, não se abandonar. Permitir que o coração ferva com aquilo que faz vibrá-lo. Buscar o que se quer, o que se planeja, o que faz brilhar os olhos. Sonhar. Sonhar dormindo, sonhar acordado. Viver. Ter fé na vida, no amor, e no que se deseja. Estabelecer metas, ter alvo. Correr atrás. Fazer acontecer.

Sou da tribo dos que quando quer alguma coisa, luta até o fim. Se der, deu, se não der, é porque não era pra ser. A consciência tranquila prevalece, de que foi feito o possível, de que dei o meu melhor. O olhar é para frente, prossigo. Entenda que nada é em vão, nem por acaso. E quer saber? Às vezes nem precisa ter razão. Só emoção, coração. Acreditar. Esse é o meu lema. Ainda que doa, ainda que eu tropece, ainda que eu caia. Mas eu levanto. Cada vez mais forte, cada vez mais resistente. Mais e mais. Porque essa é e sempre será minha palavra favorita. Acreditar.

Roda gigante da vida. Gira e gira um pouco mais, mas não para. Você pode até parar, mas ela não. Dá voltas e voltas. Nos confunde, nos inquieta, trás dúvidas, certezas, paz, tormenta... Ah, e se eu fosse continuar, não caberiam em linhas. É mesmo um mistério, uma loucura. Uma delícia também. E “vamo que vamo”. Oscilando entre ser criança e ser gente grande. Porque ser adulto o tempo todo, cansa e é chato pra burro. Pois essa vida que não é nada fácil, é a mesma vida que também é capaz de fazer cócegas na alma e em todo resto do ser. Sorrir. Ter ânimo. Se alegrar que nem criança quando ganha de presente o seu brinquedo favorito. É um misto de tudo isso e muito mais.

Lá do alto, vejo diferente, tudo é maior do que se vê, maior do que se sente. E rodo, e giro, juntamente com o mundo. Na mesma freqüência, no mesmo balanço, na mesma sintonia. Bem assim. Com a certeza que sempre haverá um por do sol à minha espera. Para ser visto sem pressa. Com mais calma, mais alma. Novas cores, novos sabores, de felicidade. E se você também é do time que adora experimentar novas emoções, vem cá. Abre os braços e se joga daqui comigo!

quinta-feira, março 08, 2012

Guardar-se


Em mim moram sonhos que ainda nem sei. Descubro-me todos os dias, e sem querer, cobro mais da vida, mais das pessoas, e muito mais de mim. 

Por trás de um coração descompassado existe uma sensibilidade escondida, retida e travada. É que depois de alguns arranhões por lá, parece que a gente vai se endurecendo por todos os lados. E às vezes, até por dentro. 

Talvez eu ainda não consiga ser por fora, o que sou em essência. São sentimentos que, de tão bonitos, os deixo guardados. Só para mim. Medo. Talvez. Pode ser. E fico me perguntando: será que estou me protegendo de mais um tombo, ou de ser feliz? É apenas mais uma interrogação que vou deixar nas mãos do destino. Se é que ele existe.

Sei que fiz escolhas e cresci com elas. Se foram as certas ou não, o tempo dirá. Crescerei em dobro, e tô pagando para ver. Afinal, esse órgão bobo e por vezes irritante ainda pulsa, resta fôlego. Ainda está bem aqui, guardado. E o sentimento que guardo, pode apostar, é puro, singelo e ao mesmo tempo intenso. Que acredita que um dia talvez, ainda poderá deixar de se esconder, quem sabe. Não é impossível porque onde há amor, há jeito.

segunda-feira, março 05, 2012

Metamorfose

Chega a ser engraçado essa coisa de viver. Há tantas e tantas mudanças. Um dia a gente pensa de um jeito, no outro, tudo muda. Tem doce que a gente gosta, gosta, mas depois abusa. Tem pessoas que a gente dá até a vida por elas e, de repente, elas já não valem tanto assim. Tem caminhos que parecem ser o certo, e depois nos damos conta que era apenas ilusão. Tem coisas que entram na moda, e que de tão feio você diz que nunca irá usar, mas sem querer, a gente usa e ainda se sente bem. Tem coisas que a gente começa acreditando que é “pra sempre”, mas em um piscar de olhos, o “sempre” se torna um simples ponto final. Tem coisa que surge e tem cara de fogo-de- palha, mas que vem pra ficar, que se transforma em chama que não apaga, que não morre, que não tem fim.

Desconheço as certezas, mesmo precisando delas. Mas hoje eu só quero sentir. Perceber que tudo em minha volta é metamorfose, até mesmo eu. E que até eu já não sou o mesmo, mas permaneço em mim. Intacto, profundo, intenso. Sei que estou “preso” a um roteiro instável, onde todas as escolhas me são possíveis. E por isso não sei explicar o cenário, o texto e o elenco. Mas tem gosto, temperatura e um “tum-tum-tum” diferente. 

Que caminho seguir, eu não sei, que decisão tomar, também não. Mas minha alma tem balança, e eu sei o que ta pesando. Um dia, ou eu saio de cima do muro ou ele desaba. Só me resta descobrir pra que lado se deve pular. As respostas vêem com o tempo, isso eu sei também. Enquanto isso, assim vou eu, oscilando, nesse vai e vem de sensações. Alcançando sonhos, tatuando alegrias no coração, que é pra nunca mais esquecer que felicidade de verdade não é uma possibilidade: é uma certeza.

domingo, março 04, 2012

Casa Fechada

É muito ruim querer voar com alguém mas sentir o coração pesando no peito, secando e se entregando a um estado de aridez extrema. Eu sinto medo. Eu tremo por dentro sempre que vejo cenas de romance nos filmes e penso que eu jamais terei isso pra mim, não pela falta de possibilidades, mas é que eu não sei se eu consigo amar como antes, meu coração trincou e eu não consigo arrumar, é feito espelho na parede que se racha tornando a imagem refletida confusa e surreal, eu não me reconheço mais.

Vejo muitas pessoas passando nas ruas, algumas me olham, mas eu não consigo ter interesse verdadeiro por ninguém, algumas eu uso pra satisfazer necessidades de toque, de beijo, de abraço... Mas o abraço nunca alcança o que eu tenho dentro do peito, um coração que antes era róseo e me alegrava, a vida era muito mais colorida. As vezes acho que busco em outras pessoas o que encontrei em apenas uma. No entanto não posso viver do passado, certo? Tenho de seguir em frente, não é mesmo? Meu coração hoje... hoje... hoje é folha seca que cai no outono, frágil que se quebra ao menor toque, o bom nisso é que ninguém consegue realmente tocar né? Eu só queria a primavera de novo, as cores, os perfumes... E o coração cor-de-rosa batendo no peito.

Sinto-me em pleno inverno numa casa nas montanhas afastadas da cidade, com cortinas semi-abertas e a chuva batendo na vidraça lá fora, vejo café já frio na mesa de centro... E aonde eu me encontro nessa cena? Na cama, no quarto fechado cheirando a mofo, músicas lentas e tristes tocam sem parar no rádio, alguns livros da Clarice se encontram abertos pelo chão, meu estado é deplorável. Se eu fizer uma cópia da chave de casa, você vai me buscar?

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Juntos aprendemos

Seria inútil viver sem ter pelo que lutar, sem acreditar em algo, sem gostar de alguém, sem ter amigos ou em quem confiar. Seria tão inviável a vida sem aprendizado, sem erros, sem as dúvidas, sem os por quês. Seria tão fugaz, viver do ócio desenfreado, viver do vagar. Acho tão válido ir a luta, não abaixar a cabeça e desistir, sentir e falar ao invés de apenas calar. Minha geração passa por processo de congelamento, quase não indigna-se, questiona ou briga, apenas engole-se e depois põe para fora. Parecem estátuas, que não vivem, sobrevivem. Posso parecer o que for, ser o que for, para quem for.

Eu sou apenas alguns rabiscos que após somas, subtrações, multiplicações e muitas divisões busca ser útil. Busca evoluir, é passível a erros, é suscetível a decepções, mas é incessante em sua busca por um mundo melhor. Muitas vezes vinham/vem a mim conversar, desabafar.. não que isso seja incomum ou errôneo, mais é tão gratificante a sensação de passar confiança, de ser o ombro amigo, de ser parceiro, por mais que tantas vezes eu precise e não encontre os mesmos tratamentos não me perco em solidão, mesmo que nem sempre o outro esteja disponível, não subjugo, somos humanos. Não estamos acessíveis a todo momento, não é da natureza de minha espécie acertar sempre. Se eu não acerto sempre, como posso cobrar isso de alguém? 

Talvez busquemos uma felicidade deturpada, em que vemos a felicidade no outro. No que eles pensam, acham, sentem. Mesmo que soe egoísmo, mesmo que soe o que for.. a felicidade está dentro de cada ser, os outros apenas completam-na, mais a essência somos nós, se todos fossem adeptos de filosofias sinônimas, não sofreríamos tanto a cada fim de relacionamento, seja de qual caráter for, certa vez aprendi que quanto maior a expectativa talvez seja maior a decepção.. aprendi a não supervalorizar certas coisas, aprendi, não, estou em fase de aprendizagem de tanta coisa, e indubitavelmente esse processo será eterno, não sou um mestre, mais tento junto com os que me rodeiam aprender e ajudar a chegar-se a uma possível lição, não sou perfeito, mas se quiser acompanhar-me, adoraria sua companhia.

sábado, fevereiro 11, 2012

Muralhas

Olha cara, eu já quebrei tanto a cara na vida, no amor e no diabo a quatro que eu criei barreiras enormes, eu construí uma nova muralha da China aqui dentro. Infelizmente lá da Lua ninguém a enxerga, tampouco enxergam de pertinho, a olho nu... Porque eu escondo muito bem ela aqui dentro, por maior que ela seja. Eu só preciso de um porto seguro, uma segurança, um air bag contra as decepções que eu sei que vão acontecer cedo ou tarde. É o meu freio de mão, eu sempre me jogo por completo nas coisas deixando o medo de me esborrachar lá embaixo do precipício que pode surgir feito passe de mágica na minha frente.

Eu sei que a vida é feita de experiências, boas e ruins, tudo acontece por um motivo e de tudo você pode, e deve, tirar lições pra vida toda. Então, eu decidi que quando aparecesse uma pessoa bacana, interessante, que me fizesse bem e mostrasse por A+B que não seria só mais uma, eu me jogaria do mais alto precipício esperando que ela fosse meu pára-quedas.

Esperei, até você aparecer.

Somos tão diferentes, eu leio coisas que vão de Neil Gaiman à Caio F., me perco em HQ's do Peanuts, Calvin e Haroldo e por aí vai, enquanto você me chama de nerd e fica ouvindo músicas que eu não suporto por muito tempo... E quem disse que isso atrapalha?

Você conseguiu entrar na minha muralha com visto de turista e já tomou conta, em alguns cantos até começaram a nascer lindas flores e folhagens verdes de uma beleza incrível, o que era preto e branco você vai colorindo aos poucos e, mesmo que acabe (afinal tudo tem um começo, meio e fim na vida), ao menos vai valer a pena. Você é meu pára-quedas e, daqui de cima, a vista nunca foi tão linda.

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Sonhar como criança

Hoje queria pensar sobre nosso tempo. Antes o dia durava mais, lembro dos meus finais de semana na infância, e todas as aventuras e seres que eu podia ser em apenas dois dias, que me davam tanto prazer, que a semana voava e eu tinha toda aquela realidade incrível novamente.

Com o passar dos anos, fui adquirindo responsabilidades, não tão pesadas quanto algumas de pessoas da mesma idade.. mas que a mim pesam, responsabilidades com a minha vida, com minha evolução quanto homem, quanto as minhas experiências pessoais e acima de tudo, com meu conhecimento.

Quando somos pequenos, temos sonhos que desconhecem impossibilidades, fantasias, e ir a lua, é dobrar a esquina. Quando crianças conseguimos ver tudo claramente, solucionar problemas, matar vilões, salvar as mocinhas, ser quem queremos. Quando crescemos e aprendemos a escrever nossos contos de fábulas, as coisas parecem que perdem o brilho.. não queremos mais matar vilões, guardamos os bonecos para nossos filhos e queremos as mocinhas não para defendê-las, mas para tê-las para si.

Quando era criança, apesar de todo dia longo, sempre havia tempo para brincar. Quando cresci, o tempo não mudou, minhas obrigações sim.. as brincadeiras são outras, os amigos.. alguns, até são os mesmos, mas o papo é outro. Nostálgicas lembranças que são fontes de comparação.. nosso tempo era o mesmo, mas sempre havia tempo para tudo.. hoje nunca há tempo para nada. Cada dia parado é um dia perdido, cada chance perdida pode não voltar atrás, cada caminho trocado pode levar a um destino.

Lindas são as crianças que ao mudarem de personagem, ainda que em imaginação, esquecem os males do mundo, esquecem as dificuldades, os problemas, pouco se importam com um dia cheio de estudo.. se no fim, forem ter dez ou quinze longos minutos de brincadeira ou desenho animado.

As pessoas queixam-se de outras que aparentam ser crianças grandes, entendo que algumas atitudes devem ser de acordo com as idades e tudo tem sua fase, mas se todos tivéssemos um pouco de criança dentro de si, acho que o mundo não seria tão mal, tão ríspido, etiqueta e o bom dia por educação, não seria estereótipos de uma sociedade hierarquizada.

Concluo.. meu tempo é o mesmo, minhas obrigações certamente não. Mas meu desejo de felicidade, de ver o mundo sempre bem e todo o lado bom de ser criança, ainda mora no meu coração. As pessoas se corrompem e ficam burras, em uma busca por um conhecimento mal definido no fim das contas, mas eu, acima de tudo, sou um adulto que sonha como criança, pois já que são sonhos, não me peça para por os pés no chão.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Turning Tables

Ele sempre foi idiota, ou não, para acreditar no tão falado "amor". Sempre confiou e acreditou que esse amor fosse guiar seu caminho. E por isso ele sempre sofreu mais que os outros, porque tem entrado em estrados tortuosas demais. Em caminhos com muitas curvas por montanhas sem fim. Está cansado. Cansado de sofrer, cansado disso tudo. 

Levanta lentamente da cama e segue até o espelho. Sua aparência é deplorável. Seus olhos estavam inchados e muito vermelhos, vestígios da profusão de lágrimas que seus olhos derramaram na noite anterior. Tenta sorrir, mas o reflexo não é um dos melhores. Desiste. Volta pro quarto. Lança um olhar rápido a escrivaninha. Não queria mais sofrer. Não queria mais sentir aquela dor dentro do peito. Tomado de uma inspiração e força de vontade incomum, senta na cadeira, apanha uma folha de papel e começa a escrever:
Calma, eu sei que as coisas parecem difíceis, mas respira fundo. O amor sempre prega essas peças, você já deveria estar acostumado à falta de reciprocidade. É, tem razão, jamais vamos nos acostumar a algo que nos faz mal, mas pensa comigo... Que chata seria a vida de gostar só de quem gosta da gente, é até irracional pensar assim. Não chora, enxuga essas lágrimas, segue aquele papo de “não te merece” (não dá certo, mas é um caminho). Sabe, passa a odiar, a gente esquece mais rápido se arruma um motivo para desgostar, quer dizer ... Não odeia, o ódio é o sentimento mais próximo do amor. Então espera, evita pensar, deixe de ouvir essas músicas do tipo algodão doce, fica ouvindo o tic-tac do relógio. Se da noite pro dia o amor aparece no peito, do dia pra noite ele desaparece, não?. Não fique se culpando ou procurando respostas para perguntas que nem deveriam existir. Só lute se for te fazer feliz, seja egoísta mesmo, não se preocupe em não magoar os outros se isso for te machucar. A gente só quer privar os outros de sofrer e acaba sofrendo por eles, não vale apena, acredite em mim. Ah, só mais uma coisa, antes de amar alguém, se ame mais, isso ajuda. 
Colocou o lápis de lado. Olhou o que havia escrito. Essa seria sua nova resolução. Não seria fácil, ele sabia. Uma cicatriz que sempre iria incomodá-lo, mas ele aprenderia a ignorar a dor. Aprenderia a erguer a cabeça. Aprenderia sim... A se amar!

domingo, janeiro 29, 2012

Exposição

Hoje queria falar sobre as minhas manias tortas, sonhos e coisas malucas. Gosto de viajar olhando as paisagens, imaginando que meus olhos podem fotografar, sonhando em sair correndo sem destino por aquelas terras sem proprietários. Curto ver filme no escuro, com chuva, frio e pipoca (principalmente se tiver uma boa companhia debaixo do cobertor). Sou apaixonado por café, mais pelo cheiro do quê pelo sabor. Sonho em viajar o mundo, ter um mapa-múndi na parede do quarto com fotos tiradas em cada destino. Não sou do tipo que curte estereótipos, julga por gostos ou esconde os defeitos. Sou calmo, costumo entender e ouvir as pessoas, mas não sou do tipo que ilude, sinceridade é um prato cheio.

Já vivi um tempo preso dentro de mim, sem conseguir escapatória, fugindo dos olhos e tapando os ouvidos. Venci batalhas que criei, derrotei inimigos que nunca existiram, superei barreiras intransponíveis de dois degraus. Sou exagerado do tipo clímax, hipérbole e falta de nexo. Sou confuso e abstrato, pouco palpável e fingido invulnerável. Sorrio sem estar feliz e não preciso chorar para dizer que estou triste. Amigo até pode ser aquele que conheci há 10 minutos, sei lá, tem gente que me conhece há tanto tempo e mal sabem meu nome, outros que conheci ainda ontem e já sabem o “nome dos meus filhos”. 

Curto rir, conversar, ouvir, mas tenho meu tempo. Pras necessidades to 24h, pras festas 12 e nem sempre incluo sábados, domingos e feriados. Tenho planos pro futuro, sonhos além das nuvens e odeio que duvidem da minha capacidade. Irrito porque gosto das caras de bravo, me lanço porque gosto dos desafios, mas também desisto de muita gente porque simplesmente não valem à pena. Não entendo muito de muita coisa, mas tenho cara de esperto e sempre acham mais do que realmente sou. Até poderia expor nesse momento de confissão, alguns “etc” que nunca narrei, mas já tomei demais o seu tempo, então, vou sair agora. Até a próxima!